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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

FRANÇA

Novamente o proletariado encontra-se diante da velha encruzilhada: superar o freio imposto por suas direções oportunistas ou ser derrotado pelo imperialismo


Como na Grécia, e em menor medida na Espanha, o proletariado francês e a juventude saíram às ruas contra os planos de ajustes pós-crise econômica. O principal ataque promovido pelo governo Sarkozy é a reforma previdenciá­ria que institui o aumento da idade mínima para aposentadoria de 60 para 62 anos e de 65 a 67 para ter o direito ao valor integral da pensão.

O movimento massifica-se com a mobilizações de 3 milhões de pessoas. Setores estratégicos da produção entraram em cena como os petroleiros, ferroviários e ca­minhoneiros, interrompendo o fornecimento das refinarias de petróleo e bloqueando depósitos de combustíveis. Na queda de braço pelo controle do combustível ordenou a repressão aos piquetes e o movimento reagiu com radicalidade, contando com o apoio da juventude. Todavia, as direções sindicais e partidárias oportunistas que fo­ram forçadas a encabeçar o movimento para poder descabeçá-lo preparam uma pro­funda traição a esta importante luta. Desde março, quando começaram os protestos, as oito centrais sindicais capitaneadas pelas CGT (dirigida pelo Partido Comunista Francês), CFDT (ligada ao PS, apoiou a primeira reforma previdenciária de Allan Juppé em 2003) e Força Operária (PS e pseudotrotskistas) sabotam a unidade do mo­vimento em uma greve geral, organizando “dias de luta” impotentes e “greves reno­váveis” (greves por tempo indeterminado referendadas a cada assembleia) dispersas.

Dada a força do movimento, a mídia patronal não tem conseguido jogar os se­tores mais amplos da população e particularmente a pequena-burguesia contra os grevistas diante do desabastecimento dos combustíveis. Pelo contrário, a simpatia popular com as mobilizações é crescente enquanto a popularidade do fascistoide Sarkozy, cada vez mais truculento, despenca. No entanto, as centrais pelegas, PS, PC e seus satélites (Lutte Ouvriére, Novo Partido Anticapitalista, POI lambertista) fazem demagogia com a luta enquanto reivindicam a reabertura de negociações, propõem emendas à famigerada reforma previdenciária e condenam as ações vio­lentas, como sempre fazem, impondo o isolamento da vanguarda mais combativa do movimento em favor da preservação da democracia burguesa da V República. Vale lembrar que há uma década, os mais radicalizados protestos da população pobre francesa passaram à margem de toda a esquerda pequeno burguesa, quando a popu­lação imigrante realizou jornadas de enfrentamentos com a polícia, ateando fogo em milhares de automóveis. Há poucos meses, estes mesmos partidos deixaram que os ciganos fossem expulsos da França sem mover um dedo.

CRIAR COMITÊS DE AÇÃO DE OPERÁRIOS, ESTUDANTES E IMIGRANTES PARA QUEBRAR A RESISTÊNCIA CONTRAREVOLUCIONÁRIA DAS CENTRAIS E PARTIDOS OPORTUNISTAS E DERROTAR SARKOZY E O IMPERIALISMO

Os trabalhadores estatais e privados, a juventude e os imigrantes precisam pas­sar por cima das direções conciliadoras e legalistas para defender suas conquistas históricas da ofensiva de Sarkozy. Impulsionar assembleias intersindicais, comitês de autodefesa e ação de operários, estudantes e imigrantes para quebrar a resistência contrarrevolucionária das centrais e partidos oportunistas e derrotar o conjunto do regime, retomando o caminho da unidade operária e estudantil de 1968 e da Co­muna de Paris que, com todos seus limites, foi o movimento que primeiro ensinou ao proletariado mundial o caminho das pedras na luta por um governo próprio da classe trabalhadora. Para desempenhar todas estas tarefas é fundamental construir um partido revolucionário multiétnico dos trabalhadores da Europa que realize uma rigorosa delimitação com os pseuotrotskistas mandelistas, lambertistas, healystas e traidores de todo o gênero que enlamearam a IV Internacional colocando-se a rebo­que do social-imperialismo.

O próximo levante proletário será na Inglaterra contra os cortes estatais e a de­missão em massa anunciados pelo governo conservador liberal-democrata. A classe se levanta em todo o velho continente, mas tende a ser derrotada e pagar os altos custos da orgia financeira que gerou a crise econômica, se não possuir uma direção política à altura das tarefas que lute para aposentar de uma vez por todas os expro­priadores capitalistas.