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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

ELEIÇÕES 2012, RITO DE PASSAGEM DO PSOL E PSTU 2/3

Elegendo ou não seu vereador, o PSTU aderiu ao vale tudo do cretinismo eleitoral, consolidando no partido as tendências reformistas sobre as centristas

 

Jorge Panzera (ex-presidente nacional da UJS,
ex-Secretário de Esportes do Pará e atual dirigente do
PCdoB), vice de Edmilson (PSOL)
aos quais se abraça Cleber Rabêlo (PSTU)
O PSTU é sucessor de uma organização que nasceu na década de 1970 com um programa centrista, ou seja, revolucionário de palavras e reformista nos atos. A Liga Operária, grupo precursor da Convergência Socialista (CS) em 1978, volta do exílio com a missão de adaptar para a conjuntura brasileira uma orientação morenista de fundar um “partido centrista de esquerda legal” *. A CS converte-se em tendência interna do PT. É expulsa dele em 1992 e sob o impacto da restauração capitalista na URSS e no Leste Europeu – apoiada pela LIT – funda o PSTU, um partido de “esquerda legal” onde as tendências reformistas predominam sobre as centristas. Mas, toda esta trajetória política que inescrupulosamente vem de forma acelerada girando à direita a partir do declínio do projeto sindical da Conlutas no Conclat de 2010, dá um salto de qualidade nestas eleições municipais em Belém.

Além de todos os motivos elencados na primeira das 5 partes deste especial (LC: “Nestacampanha eleitoral, o PSOL, dispondo de um candidato que já governou para aburguesia, torna-se a opção preferencial para assumir o governo dos ricoscontra a classe trabalhadora de Belém”) sobre o porquê de denunciar a candidatura Edmilson Rodrigues como a candidatura preferida do capital, também são válidos os argumentos do PSTU em 2008 para rechaçar uma frente eleitoral que tivesse Edmilson Rodrigues à cabeça:

“O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) divulgou ontem suas diretrizes e forma de atuação nas eleições deste ano. Três propostas centrais serão usadas como base da legenda, entre elas a exigência de que o ex-prefeito de Belém Edmilson Rodrigues não seja o candidato e que nenhuma coligação com partidos 'burgueses' seja feita. O PSTU quer ampliar sua participação no pleito e garantir pelo menos o vice na chapa que vier a ser formada,... Edmilson não será aceito, diz o PSTU, porque sua gestão de oito anos na Prefeitura de Belém não olhou pelas 'reais necessidades dos trabalhadores'. Os membros da legenda dizem ainda que não concordam com a forma com que o governo do ex-petista se relacionou com os movimentos sociais. Também desaprovam o programa que ele utilizou como plataforma política, baseado em 'políticas sociais compensatórias'.” (PSTU não aceita Edmilson como candidato, Edição de 17/06/2008).


Quem te viu quem te vê! Na época em que o PSTU recusava uma frente encabeçada pelo ex-prefeito, Edmilson estava mal cotado nas pesquisas de intenção de votos.

Agora, quando os institutos de pesquisa, instituições burguesas auxiliares da legitimação da democracia dos ricos, refletem a predileção da classe dominante apontam que Edmilson está na frente das “intenções de voto”, o PSTU dá uma guinada de 180° e “revê seus conceitos” sobre Edmilson. Revê também sua rejeição a alianças eleitorais com o PCdoB. Para camuflar sua aliança com este último representantes da burguesia nestas eleições, o PSTU vende gato por lebre e alega: “o PCdoB não é um partido burguês”. Como não é um partido burguês, um partido que administra prefeituras burguesas, trafica influência estatal e favores no Estado burguês junto a multinacionais (agência nacional do petróleo, copa e olimpíadas) e atua como testa de ferro do latifúndio (código florestal)? Em resumo, quando vislumbra uma oportunidade de obter “um lugarzinho” na Câmara de Vereadores, o PSTU, embeleza os traidores e inimigos da classe trabalhadora, se nega a desmascarar o processo eleitoral enganoso e ilude a população pobre para tirar proveito destas ilusões. Sobre a necessidade do rigor marxista acerca do caráter de classe dos partidos e governos recomendamos a leitura do 5º texto deste especial (LC: “A questão da análise do caráter de classe dos partidos como pré-requisito para uma política marxista em relação aos mesmos”).

SEGUINDO A POLITICA DE OPERAÇÃO DESMONTE
DAS CAMPANHAS SALARIAIS DA CUT E CTB,
A CONLUTAS DO PSTU ENTERRA A CAMPANHA
DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE BELÉM
PARA DEDICAR-SE EXCLUSIVAMENTE ÀS ELEIÇÃO DE SEU VEREADOR
DE CARONA NA COLIGAÇÃO BURGUESA DE EDMILSON E DO PCdoB

O PT, o PCdoB e o PSOL nos sindicatos que dirigem, têm abortado as campanhas salariais de bancários, correios, metalúrgicos, petroleiros para melhor se dedicar às campanhas eleitorais. Seguindo os passos dos três primeiros, o PSTU enterrou a greve da construção civil de Belém em troca de míseros 9,23% para melhor se dedicar à campanha de seu candidato a vereador Cleber Rabêlo. Todos sabem que este “aumento” salarial não cobre nem a inflação maquiada oficial e representa uma profunda capitulação aos patrões da construção civil que bancam a campanha de Edmilson, como a construtora COGEP, a maior contribuinte da campanha, que conta com um retorno garantido de seu investimento. Enquanto isso, o PSTU ludibria os operários da construção civil dizendo que o seu candidato a prefeito vai “governar para os trabalhadores” e não para os patrões.

O tal “aumento” comemorado pelo PSTU para encerrar a greve é, sobretudo uma traição para esta categoria em um momento que o país vive uma bolha imobiliária e os especuladores, empreiteiras e construtoras da área nunca ganharam tanto dinheiro.

O dirigente do PSTU, Eduardo Almeida, que se mudou para Belém para botar pilha de perto na campanha de Cleber Rabelo bem reconhece que Belém é o 5º metro quadrado mais caro do país. Já faz quase 60 meses consecutivos que o preços dos imóveis novos (construídos agora com a mão de obra do operariado da construção civil) sobe acima da inflação, quando o preço médio dos imóveis subiu cinco vezes mais que a inflação, ou seja, pelo menos 25%.

Mas os patrões do setor não querem aumentar a migalha que pagam aos trabalhadores e como o interesse maior do PSTU é de se dedicar exclusivamente à eleição do operário da construção civil, enterra literalmente a greve nos canteiros de obra, comemorando vitória com uma migalha que não chega a 4% acima da inflação oficial. “Os operários conseguiram um reajuste de 9,23% (a patronal queria dar no início da campanha só 5%)” (site do PSTU, 20/09/2012).

O PSTU bem sabe que para alguém como um servente em Belém que recebe R$ 650,00 de salário, um aumento inferior a 10%, 65 reais, não muda em nada a condição de extrema miséria do peão, não dá nem de longe para comer tomate, tomate! que subiu 76% no último ano, mas a direção do PSTU que nem de longe vive a situação do servente comemora cretinamente: “Termina greve da Construção Civil em Belém: uma vitória da peãozada”, Eduardo Almeida, direto de Belém, 20/9/2012”.

O PSTU não entra no “negócio” apenas como uma cereja esquerdizante do bolo podre da coligação anti-operária capitaneada pelo PSOL-PCdoB. Pelo andar da carruagem, inclusive como cereja deste bolo, o PSTU também já apodreceu. Não se trata apenas de que o PSTU, salivando por sua legislatura, ludibria os eleitores embelezando seus aliados. Trata-se de um esquema oportunista muito mais nocivo e material contra a classe. Na operação desmonte da greve da construção civil de Belém o próprio PSTU “faz sua parte”, abortando a greve dos operários contra os super-lucros dos barões da construção civil, os mais generosos patrocinadores da candidatura a prefeito cuja votação turbinará o coeficiente eleitoral do candidato do PSTU. O PSTU dá garantias aos capitalistas da construção civil e da especulação financeira que um possível mandato de Edmilson apoiado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil continuará mantendo Belém como uma cidade atrativa a seus negócios.

AS CRITICAS DO PSTU À CANDIDATURA EDMILSON
SÃO CONSUMO INTERNO, PARA ENGANAR A PRÓPRIA MILITÂNCIA.
NA VIDA REAL, EM BELÉM, A CAMPANHA PARA “ELEGER UM OPERÁRIO VEREADOR” “É SÓ ALEGRIA” E HARMONIA COM PSOL E PCdoB

Desde o princípio ficou claro que não passava de uma piada as justificativas “principistas” dadas pelo PSTU para participar da coligação: a plena liberdade para poder exigir e denunciar os desvios da frente eleitoral que contrariassem a independência política da mesma. Agora, a esta altura da campanha, com Edmilson já sendo carregado, patrocinado e defendendo os interesses da burguesia que investe em sua candidatura, sem contar as articulações com o PT e com o “patrão”, o senador Jáder Barbalho, está claro que o discurso “Belém para os trabalhadores” do PSTU não passa de um folha de parreira para uma candidatura descaradamente oportunista e burguesa que já se desnudou por completo.

Vale destacar que o PSTU em nenhum momento denunciou a coligação PSOL-PCdoB. Ele apenas faz cândidas exigências, como por exemplo, diante de números publicados ordinariamente pela própria instituição estatal, o TSE: "Nós, do PSTU, fazemos um chamado à direção do PSOL e ao companheiro Edmilson para que revejam essa decisão"

Para os ingênuos, a cada nova medida pragmática da candidatura burguesa de Edmilson, o PSTU, fingindo que não sabia que era daí para pior o que iria acontecer, posa de vestal. Na verdade, este comportamento cínico não é mais que uma camuflagem para o vale tudo em que embarcou este partido a fim de eleger um vereador. Com peso marginal dentro da frente, o PSTU é cúmplice desta política oportunista protagonizada pelo PSOL-PCdoB.

Cabe aos marxistas revolucionários denunciar implacavelmente o PSTU por sua integração a democracia dos ricos contra os trabalhadores, opondo-se nacionalmente a votar neste partido. A este escandaloso giro oportunista não se pode opor uma política de pressão, de aconselhamento ou de regionalização da denúncia como fazem algumas correntes educados na escola revisionista do morenismo e que consideram o chamado a votar no partido matriz uma tática “para dialogar com a base deste partido”. Estas correntes satélites do PSTU não fazem isto sem uma vergonhosa dose de embelezamento do próprio como “partido operário” ou “revolucionário”. Não, a este giro oportunista é preciso opor uma política de combate sem tréguas ao regime burguês e a todos seus colaboradores, nas eleições, nas campanhas salariais, em todos os conflitos da luta de classes, em todos os locais de trabalho e estudo pela construção do partido revolucionário do proletariado, único meio capaz de resgatar de maneira sadia e conseqüente aos militantes combativos que hoje são enganados por sua direção.

* Moreno, N., 1954: año clave del peronismo, 1955.