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sábado, 20 de julho de 2013

I CONFERÊNCIA DA LIGA COMUNISTA

Um passo à frente na construção de
um partido operário revolucionário

No dia 13 de julho de 2013, na cidade de Jundiaí (São Paulo), foi realizada na sede do Sindicato dos Gráficos – pioneiros do movimento operário brasileiro – a I Conferencia da Liga Comunista. Estiveram presentes trabalhadores da saúde, professores, metalúrgicos, bancários e gráficos. A Conferência foi saudada pelo Socialist Fight britânico, pela TPR e TMB argentinas. No Brasil, enviaram saudações a Conferência o PCB-RJ, NATE, LPM, EMS e simpatizantes da LC em Juazeiro do Norte (CE), onde, em meio a onda de protestos nacionais, a população trabalhadora aprisionou o prefeito da cidade que havia reduzido em 40% os salários dos servidores municipais. A Conferência foi dedicada à memória de Maggie Smith companheira de luta do Socialist Fight falecida recentemente. Realizaram uma saudação presencial à Conferência a Tendência Militante Bolchevique argentina, agrupamento membro do Comitê de Ligação pela IV Internacional, a diretoria do Sindicato dos Gráficos de Jundiaí e a Refundação Comunista.

A atividade inicial da conferência, de caráter aberto, girou em torno de uma breve exposição sobre a conjuntura mundial (crise capitalista, nova bipolaridade interburguesa entre EUA e o núcleo Russo-Chinês, "primavera árabe") para em seguida focar-se em temas centrais da luta de classes no Brasil tais como o esgotamento do atual modelo de acumulação de capital, a onda de protestos de junho-julho detonados pela luta contra o aumento dos transportes e sua relação com o ascenso de greves salariais em 2012, a perspectiva da classe trabalhadora em meio a desproletarização que atinge predominantemente o operariado fabril diante da consolidação da crise capitalista no Brasil; a organização do combate para frear a direita fascista em meio a construção de uma oposição operária e revolucionária ao governo Dilma e por fim a luta pela edificação de um partido trotskista dos trabalhadores no Brasil.

LUTA PROLETÁRIA

Na segunda parte da Conferência os camaradas presentes realizaram um breve informe da situação política nas categorias em que atuam. A partir de então, a atividade passou a fazer uma sintonia de como a conjuntura debatida se refletirá em cada uma das categorias e quais os próximos passos para a construção de núcleos da Liga nas mesmas:

Nos bancários, prepara-se uma nova ofensiva privatizante inclusive na Caixa Economica Federal e Banco do Brasil, tanto de forma aberta como velada, mediante a constituição de holdings mistos, etc., Ofensiva esta que precisa ser combatida a partir da construção de uma nova frente de oposições como a que se gesta por diversos setores combativos em São Paulo e região delimitando-se do MNOB (PSTU e satélites) para construir uma forte greve bancária pela base da categoria.

Nos metalúrgicos, as expectativas se realizam em torno das consequências da aplicação da combinação de políticas econômicas monetaristas contraditórias que simultaneamente desvaloriza o real, elevando o câmbio para favorecer exportações nacionais enquanto eleva também a taxa de juros causando recessão e quebra do setor voltado ao mercado interno. Esta combinação de freios e contrapesos para atender aos distintos setores da burguesia e do imperialismo pelo governo Dilma está dando mostras de que não se sustenta mais. Bem mais cedo do que havíamos previsto no artigo “Medidas anti-crise de Dilma: Matando a sede com água salgada” escrito há exatamente um ano, a crise se instala provocando mais retrocesso industrial e logo se acentuarão demissões e arrocho salarial somadas a pressão pelo recrudescimento dos ritmos de produção nos ocupados pelo aumento do exercito de reserva dos desocupados. Tudo isto precisa ser entendido para ser combatido nas campanhas salariais e eleições de CIPAS no próximo semestre, bem como em fóruns da classe operária como o Congresso dos Metalúrgicos de Campinas que se realizará nas próximas semanas.

Nos professores do município e Estado de São Paulo, foi importante a constituição de uma oposição classista reunindo agrupamentos e ativistas na base do Simpeem e Apeoesp, enormes categorias do município e Estado mais populosos e ricos do país que por pouco e graças ao controle burocrático sindical não conseguiram unificar suas massivas greves, manobra que vem obrigando aos distintos aparatos sindicais a apelar cada vez mais ao aparato repressivo estatal contra as próprias bases para enterrar as lutas. Precisamos nos preparar para o próximo semestre onde ambos sindicatos terão Congressos.

Por fim, no primeiro semestre demos um passo importante reunindo em torno das posições da LC e contra as direções corrompidas da CUT e CTB a ativistas de base dos trabalhadores em hospital, uma categoria que adquire cada vez mais experiência de luta contra a privatização e terceirização dos complexos hospitalares estaduais paulistas.

PARTIDO, PROGRAMA E IMPRENSA  

Na discussão partidária a Conferência discutiu os avanços, erros e limites da construção da LC até o momento ainda como grupo de propaganda que apenas iniciou sua estruturação na classe trabalhadora bem como na reconstrução da IV Internacional, o Partido Mundial da Revolução Socialista, impulsionando o CLQI com os camaradas da TMB argentina e do SF britânico. Através do CLQI a Liga manifestou audaciosas posições políticas em defesa de nações oprimidas (Líbia, Síria, Mali, e Argentina – retrospectivamente em relação a Guerra nas Ilhas Malvinas quando através do CLQI pela primeira vez na história do trotskismo organizações principistas da Argentina e da Grã-Bretanha defendem conjuntamente a derrota do imperialismo britânico), Estados operários (Coréia do Norte e Cuba), contra golpes de Estado (Paraguai) em meio a importantes documentos como o “A FUA é a tática, A Revolução Permanente é a estratégia atual diante das guerras imperialistas no mundo semi-colonial”. Reivindicando e atualizando o debate iniciado no nascimento de nossa Liga acerca da ruptura com o conjunto do círculo viciado do pseudo-trotskismo completamente divorciado do proletariado para a disputa efetiva do proletariado em seus distintos graus de maturidade de consciência.

Acerca do programa de nossa organização, o patrimônio do qual nossa organização mais se orgulha, foram também neste terreno assentadas as bases para um salto qualitativo no próximo período a partir da defesa da vigência do método marxista, materialista e dialético, contido no Manifesto Comunista, nos quatro primeiros congressos da Internacional Comunista e no Programa de Transição da IV Internacional.

A Conferência estabeleceu como meta realizar uma síntese programática no aspecto partidário, na concepção de Estado, caracterização da relação entre estrutura e superestrutura no desenvolvimento da luta de classes do Brasil, frente única, internacionalismo, defensismo revolucionário, luta sindical, etc. e todo um conjunto de conceitos e elaborações desenvolvidas desde 2010 pela Liga (muitas vezes em conjunto com os camaradas da TMB a partir de 2012) os quais reivindicamos.

Apesar das nossas modestas forças, a conferência refletiu o aumento ainda que molecular de nossa atividade militante em locais de trabalho de categorias vitais. Ficou definido que um passo fundamental para a consolidação deste trabalho, inclusive como antídoto às pressões do sindicalismo que muito tencionam a militância para desviar toda construção orgânica nos locais de trabalho em direção as demandas imediatas, reside na formação teórico-programática coletiva e permanente da militância. Também, como reflexo deste crescimento molecular se encontra nossa imprensa, que precisa acompanhar e alavancar o desenvolvimento da LC ganhando melhor regularidade e difusão por meio dos boletins de agitação (Folha do Trabalhador e panfletos específicos) bem como de nosso órgão de propaganda (O Bolchevique).

Em até 90 dias, por decisão dos participantes da Conferência, será publicada uma cartilha com a Plataforma programática da Liga Comunista contendo o conjunto de elaborações conceituais que nortearam a política da organização nestes quase três anos de existência bem como as perspectivas e linhas gerais de construção do agrupamento no próximo período. Por fim, foram apontadas as datas para a II Conferência da LC em 2014 e do I Congresso da organização em 2015.