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terça-feira, 1 de abril de 2014

50 ANOS DO GOLPE DE ESTADO NO BRASIL

Líbia, Síria, Egito, Honduras, Paraguai, Ucrânia, Venezuela, o espectro do golpismo ronda o planeta
Derrotar a reação golpista no Brasil!
Nenhuma confiança no governo Dilma, que aprimora o aparato repressivo herdado do regime militar contra a população trabalhadora!

DECLARAÇÃO DA LIGA COMUNISTA - 50 ANOS DO GOLPE DE ESTADO NO BRASIL

50 anos depois do golpe de Estado de 1964, a população trabalhadora segue sob a ditadura do capital. Ditadura agravada pela decomposição da frágil democracia instituída em 1985. Se a crise econômica mundial de 1973 marcou o início do declínio da ditadura militar, a crise de 2008, que atinge retardatariamente o Brasil, coloca novamente o país em uma encruzilhada: avançar em direção a revolução social ou retroceder para um novo golpe de Estado.

Desde 2012, ano de maior número de greves no país desde 1996, a quantidade de lutas no Brasil vem crescendo visivelmente. Em 2013, ocorreram as maiores manifestações de massas do país desde as “Diretas já!” e o “Fora Collor!”. Em 2014, os protestos começaram com os rolezinhos da juventude oprimida contra o apartheid brasileiro, foram seguidos pela greve dos correios em defesa de seu plano de saúde, pelos condutores de Porto Alegre contra os patrões e contra os pelegos, e pela vitoriosa luta por aumento salarial dos garis cariocas. Este ascenso representa a resistência da população trabalhadora à política burguesa de tentar fazer que os trabalhadores paguem pela crise capitalista. As classes dominantes perceberam que não dá para conter a onda excepcional de resistência popular com os meios tradicionais da democracia burguesa.

A oposição burguesa tratou sorrateiramente de reanimar a extrema direita e a infiltrar agentes provocadores, policiais à paisana, neonazistas, fanáticos religiosos e toda a escória nas manifestações, para tomar bandeiras, expulsar militantes de esquerda, bem como a fazer manifestações pela volta da ditadura militar, como a marcha golpista realizada em São Paulo no dia 22/03/2014, visivelmente apoiada pelo governo Alckmin e seu aparato repressivo policial.

A CLASSE MÉDIA ENDIVIDADA, ENFURECIDA, E MANIPULADA,
BASE SOCIAL DO GOLPISMO

O material humano do golpismo é a chamada classe média, endividada com banqueiros e empresários. É assim no Egito, na Ucrânia ou na Venezuela e também no Brasil. A insatisfação, indignação e desespero da classe média são manipulados pela direita contra os trabalhadores, contra a juventude marginalizada e contra o governo do PT, falsamente identificado como “governo dos trabalhadores”. Agentes do grande capital, os demagogos fascistas enganam a classe média e a coloca a serviço dos mesmos que a arruinaram e contra os trabalhadores. Seduzida pelo suposto combate a corrupção, a classe média é posta para marchar pela volta da ditadura, quando foi justamente durante o regime militar que a corrupção foi praticada em larga escala, mas ocultada pela repressão estatal e pela censura midiática. Incapaz de derrotar o PT pelo voto e reconquistar o governo nacional, a direita ameaça cada vez mais com o golpismo, chantageia o Executivo através do Judiciário, do Legislativo e da Mídia.

UMA ERA DE GOLPES
DE ESTADO PARLAMENTARES

Acontecimentos recentes demonstram que após um período marcado por invasões militares diretas (Afeganistão, Iraque, Haiti) o imperialismo voltou a recorrer aos Golpes de Estado, só que agora com disfarce de rebelião popular (Líbia, Síria e Ucrânia) quando os governos de plantão não contentam os apetites imperiais. Todavia, nos últimos tempos vemos o predomínio de uma modalidade parlamentar de golpismo (Honduras, Paraguai e Ucrânia), tendo como exceção o golpe militar no Egito.

O PT PAVIMENTA O
CAMINHO DA REAÇÃO

Por sua vez, chantageado, o governo Dilma tenta convencer o imperialismo e a grande burguesia que é capaz de atender suas demandas contra as massas e ainda manter o controle da situação: eleva os juros pagos pelo Banco Central, reduz impostos e abre as torneiras de financiamento para os megaeventos, enquanto arregimena tropas federais contra a população, invade e ocupa aos bairros proletários no Rio de Janeiro como fazia a ditadura militar; apoia ao recrudescimento da legislação, como a fascistóide “lei antiterrorista”, para criminalizar o direito de manifestação, etc. Em resumo: o governo do PT pavimenta o caminho do golpismo e do fascismo.

FRENTE ÚNICA ANTIGOLPISTA
E INDEPENDENCIA DE CLASSE

Contra a reação golpista chamamos a construção de uma frente única antifascista até com o PT e a CUT. Exigimos que coloquem todo o aparato que hoje controlam, sindicatos, governos, meios de comunicação, armamento, tudo, a serviço da luta e dos comitês de luta contra o golpismo. Mas, neste processo, os revolucionários não devem recuar um só milímetro na organização da luta estratégica dos trabalhadores pela derrubada revolucionária o governo petista, na denúncia de toda sua política burguesa e anti-operária, da invasão militar do Haiti com a ONU a Copa das empreiteiras com a Fifa.

Primeiro, para não repetir os erros fatais da esquerda da década de 1960, que antes do golpe não acreditava seriamente que ele pudesse vir a ocorrer e depois do mesmo, confiou na organização da resistência por Jango, acabando por não organizando qualquer resistência ao Golpe. Segundo, porque os revolucionários devem ajudar a maioria dos trabalhadores, que hoje apoiam eleitoralmente o PT porque sabem que com a direita o ataque será ainda pior (a exemplo do governo Alckmin), a adquirir independência política e de organização tanto contra a reação como para construir um movimento operário pós-lulista, possuidor de uma consciência de classe superior a atual para lutar por um governo próprio.

PSTU E PSOL, A ESQUERDA QUE O GOLPISMO IMPERIALISTA GOSTA

Por sua vez, partidos como o PSOL e PSTU se dizem socialistas e revolucionários, mas, criminosamente, apoiam os golpes do imperialismo ou seus agentes. São dois partidos organicamente pequeno burgueses voltados a capitalizar eleitoralmente o voto da classe média reacionária. O PSTU e correntes do PSOL (MES, CST) apoiam os mercenários da CIA, na Líbia e na Síria e em Cuba (Yoany Sanchez). O principal parceiro internacional da Conlutas é a ONG Batay Ovriere haitiana (organização financiada pelo NED dos EUA, instiuição golpista vinculada a CIA). Os dois partidos apresentam como “revoluções populares” aos golpes de Estado pró-imperialistas, mesmo quando os golpes são liderados por sangrentas ditaduras militares (Egito) ou por neonazistas declarados (Ucrânia). Não por acaso, estes dois partidos que atuam claramente como caixa de ressonância do golpismo imperialista mundo afora vem boicotando a luta antigolpista no Brasil e atacando aos setores antigolpistas como os Black Blocs (PSTU) ou defendendo mais intervenção policial e militar nos bairros proletários, as UPPs (PSOL).

PELA DISSOLUÇÃO DA POLÍCIA!

A atualidade do combate dos nossos heróis assassinados pela ditadura está primeiramente na luta contra o golpismo e pelo socialismo, mas também no fim da anistia para os torturadores de ontem e de hoje e seus mandantes, expropriando ao conjunto dos empresários e a mídia que enriqueceram graças a repressão. Nos setores da economia onde se explora diretamente a mais valia, fábricas, parte de empresas privadas, Petrobrás, é onde o capital exerce sua ditadura de forma mais draconiana. É preciso liquidar toda a máquina de guerra da burguesia contra o proletariado, a que segue torturando e matando a população trabalhadora, como fez com Amarildo e Cláudia.

O aparato repressivo não foi desmontado na democracia, foi aprimorado nos últimos 40 anos e sua principal expressão é a Polícia Militar, seus esquadrões de elite e seus grupos de extermínio. As polícias brasileiras, as mais assassinas do planeta, matam mais que cinco pessoas por dia, o que significa mais de 1800 pessoas por ano, ou quase 40 mil em 20 anos. Também nos últimos 20 anos, a população carcerária aumentou 400%, fazendo do Brasil o de maior número de presos em relação a sua população. Tudo isso comprova que vivemos uma ditadura do capital cada vez mais repressiva e assassina durante a atual democracia burguesa. O aparato repressivo foi sofisticado com as novas tecnologias bélicas e de comunicação e altos investimentos estatais. Por tudo isso não devemos nos contentar com uma luta meramente pela desmilitarização desta máquina mortífera, é preciso dissolvê-la incondicionalmente!

Somente um governo direto dos trabalhadores poderá executar de forma consequente as reformas de base, liquidar com o latifúndio, as oligarquias regionais, o parasitismo das multinacionais, do capital fiananceiro, do imperialismo que controlam o Brasil, e sob seus escombros edificar um país verdadeiramente livre dentro Federação de Repúblicas Socialistas das Américas.

Este é o mais digno modo de honrarmos a memória dos que tombaram na ditadura, lutando contra o golpismo por direitos civis e democráticos e simultaneamente também lutando pelo estabelecimento de um governo operário e dos trabalhadores, pela ditadura revolucionária do proletariado, a verdadeira democracia operária.