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sexta-feira, 26 de junho de 2015

MANOBRAS GOLPISTAS IMPERIALISTAS

A prisão de um inimigo de classe
por orientação do maior de todos os inimigos

REGRA, EXCEÇÃO
E UMA PRISÃO BASTANTE EXCEPCIONAL

Marcelo Odebrecht é o maior patrão a ser preso na história do Brasil. A regra da luta de classes no capitalismo é que só os pobres vão para a cadeia. As do Brasil estão superlotadas de trabalhadores e setores oriundos da nossa classe que foram empurrados para a marginalidade social pelo capitalismo.

Mas, até para parecer que “defende os interesses públicos” a justiça dos ricos contra os pobres abre uma ou outra exceção, levando para as grades um ou outro playboy ou funcionário público também quando enfiam o pé na jaca. Há ainda caso mais excepcionais quando em uma disputa interburguesa encarniçada, o derrotado cai em desgraça, é expulso da classe e ainda preso. Afora isso, banqueiros e empresários só vão para a cadeia por alguma pirotecnia jurídica-midiática de curtíssima duração.


A prisão de Marcelo Odebrecht, presidente da maior construtora do país (e de outros membros da mesma empresa e da Andrade Gutierrez), possui claramente elementos pirotécnicos, mas vai muito além disto. Marcelo é o dono da maior empresa do país em quantidade de funcionários [ 1 ], emprega 125 mil trabalhadores, cinco vezes mais trabalhadores que a Fiat de Betim (MG), a maior indústria automotiva do país, e em 2013 chegou a empregar até mais que a ECT, a empresa pública com a maior quantidade de funcionários no país.

COMO É POSSÍVEL QUE UM BURGUÊS TÃO GRANDE
FIQUE PRESO POR TANTO TEMPO SEM QUE ISTO
SEJA OBRA DE UMA REVOLUÇÃO SOCIALISTA?

O empresário é herdeiro de um império que ele expandiu na era Lula, está entre os 10 mais ricos do Brasil, possui fortuna pessoal estimada em R$ 15 bilhões, canteiro de obras em 21 países e atingiu o faturamento de R$ 100 bilhões. Como então é possível, sem que tenha havido uma revolução socialista no Brasil, que ele fique preso por mais de uma semana, sem sequer direito a habeas corpus?

Esta prisão revela que a operação Lava Jato é a operadora de um esquema golpista dirigido por setores do grande capital que estão, na cadeia alimentar do capitalismo, em um nível superior ao preso ilustre, um nível que transcende as fronteiras nacionais, ou seja, foi o imperialismo que mandou prendê-lo.

Durante a campanha eleitoral, a candidatura do operário da construção civil Levi, da Liga Comunista denunciou que as empreiteiras [ 2 ], grandes financiadoras das campanhas das candidaturas patronais, e em particular a Odebrecht, eram as maiores responsáveis pelo trabalho escravo no Brasil. Esta corporação escraviza ilegalmente muitos dos milhares de seus funcionários [ 3 ]. Mas não foi por isso que o bilionário foi preso. Todavia, engana-se que foi pelos supostos pagamentos de propinas na corrupção da Petrobrás, como alega formalmente o Juiz Sérgio Moro, o novo herói fabricado pela direita nacional. O bilionário foi preso por representar o setor da burguesia nacional que mais profundamente associou-se aos governos do PT, e agora está sendo pressionado para “abrir o bico” e fornecer provas que incriminem Lula.

AS MANOBRAS DO IMPERIALISMO
POR TRÁS DA LAVA JATO

Um tubarão deste quilate só vai preso pela intervenção do imperialismo no processo. Assim, a operação “Lava Jato terá ajuda dos EUA para investigar Odebrecht”. [ 4 ].

A prisão do dono da construtora Odebrecht e o envolvimento direto do imperialismo neste cerco a Lula significam, nada menos, que os EUA estão jogando pesado para disputar o Brasil na guerra fria mundial, onde o empresário e seu faturamento fazem parte de um ciclo cujo apogeu foi a era petista na presidência, ciclo ligado a especulação imobiliária, aos mega-eventos, PACs e exportação de obras financiadas pelo BNDES, associado a uma logística pró-BRICS, como foi o porto de Mariel, em Cuba.

Os efeitos da crise econômica sobre o Brasil vêm sendo potenciados por manobras do imperialismo que visa abreviar o ciclo econômico e político do PT no governo federal para retomar o controle político e diplomático sobre o Brasil como parte da atual guerra fria contra a China e Rússia.

PT: CÚMPLICE E VÍTIMA DA ESCALADA GOLPISTA

O PT é o principal partido político da luta de classes no Brasil. Mesmo não sendo numericamente maior em filiados formais, administrações ou parlamentares que o PMDB, é em função do PT, de sua influência na classe trabalhadora, que se aliam, contra ou a favor, os demais partidos políticos há pelo menos 30 anos. Sendo assim, o PT é um condicionante da luta de classes no Brasil. Mas o PT não representa os interesses dos trabalhadores, sua direção optou por aprimorar a democracia dos ricos aliando-se aos setores que mais pragmáticos da burguesia.

Cada fase da operação Lava Jato faz parte de um jogo de dominó que tem como objetivos a criminalização de Lula e do PT, uma vez que através das eleições, mesmo apelando para o jogo baixo e fazendo um frentão reacionário como em 2014, a direita não tem conseguido voltar ao poder federal desde o início deste milênio. Em uma operação de pinça o imperialismo e seus agentes golpistas locais acossam o governo Dilma, seu partido e seu sucessor.

Como parte da profunda integração degenerativa do PT ao regime burguês, o partido e seus dirigentes reagem ao achaque capitulando às pressões da direita, tornando-se cúmplices contra os trabalhadores e seus direitos sociais, trabalhistas, previdenciários.

A presidenta negocia a prorrogação de seu mandato executando medidas neoliberais contra as massas que lhe elegeram, em favor de um ajuste fiscal pró-imperialista. A tática vergonhosa do PT, ratificada no último Congresso nacional é ganhar tempo a qualquer custo, renuncia de forma suicida a qualquer resistência, entrega os anéis para não perder os dedos, os dedos para não perder o braço, o braço para manter a cabeça,... apoia pragmaticamente ao governo e seu ajuste fiscal contra as massas. Este acovardamento é resultado do aburguesamento do partido, que confia mais na política de conciliação permanente com os inimigos dos trabalhadores e nas estruturas carcomidas do regime do que na organização de uma resistência de massas para defender-se da direita.

A prisão do empreiteiro pretende pressioná-lo até ele colabore com a criminalização de Lula. [ 5 ]. O objetivo dos golpistas é quebrar a perna do Neymar do PT antes da partida de 2018. Lula sabe disto, encena a mudança de apoio incondicional para apoio crítico ao governo Dilma e sua política antioperária mas caminha passivamente para a derrota.

Em distintas situações históricas e bem menos covardes, mas também oferecendo uma defesa tímida ou reagindo muito tardiamente, caminharam para a derrota diante do adversário imperialista Allende, Milosevic, Saddam Hussein, Kadafi, ... Mesmo com suas cabeças ameaçadas, as direções burguesas nacionais preferem ser massacradas do que armar a população trabalhadora para reagir a tempo e esmagar o Golpe de Estado armado pelo imperialismo. Isso é assim porque tais direções possuem um pacto de morte com o capital contra a revolução socialista, temem mais ao proletariado organizado que a seus próprios executores.

Objetivamente, o pragmatismo petista, sob orientação de Lula, que já entregou sem resistência para a direita a direções históricas do partido como Dirceu e Genuíno, tende a fazer o mesmo com o próprio Lula.

Mesmo que essa manobra imperialista, por algum motivo, não alcance ao resultado esperado agora e o bilionário seja liberado antes de atender as expectativas de seus carcereiros, a manobra já cumpriu parte de tem sido útil à direita por permitir que a escalada golpista dê um passo adiante no sentido de colocar a prisão de Lula como uma possibilidade real, reanimando simultaneamente os defensores do impeachment de Dilma. [ 6 ]

FRENTE ÚNICA CONTRA O GOLPISMO IMPERIALISTA E
OPOSIÇÃO OPERÁRIA CONTRA OS ATAQUES DO GOVERNO DILMA-LEVI

A classe trabalhadora, que já está sendo vítima da ofensiva da direita, e da política cúmplice desta ofensiva executada pelo governo Dilma-Levi não pode ficar a mercê da covardia do PT e da CUT. Para o imperialismo, derrotar Lula e o PT através de um Golpe de Estado é meramente tático, aumentar de sobremaneira a exploração da classe trabalhadora, o extermínio da juventude e a liquidação dos direitos de toda a população explorada é a sua estratégia. Para isso, chantageiam seus sócios menores, ilegalizam partidos (como praticamente acabam de fazer com o PSTU, PCB e PCO), reduzem a maioridade penal, golpeiam governos, fazem o que for necessário.

Quando o Estado capitalista se torna mais rigoroso, no caso, supostamente contra a corrupção, é sempre para voltar-se, no final das contas, com mais crueldade contra o conjunto da classe trabalhadora. Nós não reconhecemos a legitimidade desta operação policialesca e sabemos que nossa classe mais uma vez é o alvo da caçada. Se os golpistas forem bem sucedidos, legalizarão o trabalho escravo da terceirização, ampliarão enormemente a política de extermínio da juventude e de encarceramento em massa do proletariado.

Nenhum dos martírios impostos por esse mega-patrão aos explorados da Odebrecht foi minimamente atenuado com esta ação judicial. Somente incuráveis oportunistas podem crer que os trabalhadores podem pegar algum tipo de atalho através da ação da escalada golpista do imperialismo e de seus agentes reacionários. Não temos nada a comemorar se por trás da prisão deste capo do capitalismo nacional está o poderoso chefão do capitalismo mundial interessado em impor um regime de exploração infinitamente maior sobre nós.

É preciso impulsionar uma ampla frente para esmagar o golpismo imperialista, simultaneamente construímos uma oposição operária e comunista ao governo Dilma-Levi e seus aliados escravocratas, para superar as ilusões das massas no PT e construir uma nova direção para a luta em defesa de nossos direitos e a serviço da revolução socialista.

Notas: